A tensão política em Moçambique será tema de debate na SADC na quarta-feira, mas analistas mostram-se céticos quanto à alteração do organismo regional. Mas também há quem espere pelos apelos habituais para concórdia.
A capital zimbabweana, Harare, é palco nesta quarta-feira (20.11) da cimeira extraordinária dos chefes de Estado e de governos da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC).
Em cima da mesa está a crise pós-eleitoral em Moçambique, que já provocou a morte de bolsas de pessoas e centenas de feridos.
De acordo com a Plataforma de Observação eleitoral Decide, só entre os dias 13, 14 e 15 de novembro pelo menos 22 pessoas morreram nas manifestações contra os resultados das eleições de 9 de outubro, convocadas pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane.
A Plataforma contabilizou um total de 23 baleamentos e 80 detenções, nas manifestações de quarta, quinta e sexta-feira – três dias da primeira fase da quarta etapa das manifestações.
Neste fim de semana, os protestos tomaram novos contornos com as realizações de apresentações noturnas ao som dos panelaços em várias cidades moçambicanas.
Credibilidade questionada
O Secretário-Geral das Nações Unidas, António Guterres, pediu no domingo (18.11) uma contenção por parte das autoridades moçambicanas para garantir a liberdade de expressão. A União Europeia também já se posicionou, exigindo do Conselho Constitucional a manutenção da transparência eleitoral.
E o que esperar da SADC, depois da cimeira de Harare? a política ativista Quitéria Guirengane entende que a SADC deveria não considerar os resultados eleitorais e mostrar a Moçambique o exemplo do Botswana país membro da região e o ativista lamenta: Temos muita pena porque a SADC que temos muitas das veze simbolizou um encontro de compadres.
Piers Pigou, analista político da África Austral no Instituto de Estudos de Segurança (ISS) em Pretória, também se mostra cético, lembrando que há uma suposição de que as lideranças de Angola, Tanzânia, África do Sul e Zimbábue já felicitaram a FRELIMO e o seu candidato presidencial, enquanto os outros ficaram de braços cruzados, por assim dizer, à espera da finalização do processo.
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