A Comunidade de Desenvolvimento da África Austral convocou uma cúpula extraordinária para discutir a instabilidade política em Moçambique. Enquanto isso, a oposição oferece mais protestos.
O Zimbabué, actual presidente da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), anunciou que o bloco regional de 16 membros irá reunir-se em Harare para uma cimeira extraordinária entre os dias 16 e 20 de novembro.
A violência pós-eleitoral em Moçambique, onde o partido no poder foi acusado de manipular as eleições presidenciais para prolongar os seus 49 anos de governação, será o tema principal da agenda da cimeira.
De acordo com a Human Rights Watch, pelo menos 30 pessoas foram mortas nas quase três semanas de protestos que se seguiram à votação de 9 de outubro.
Inicialmente, [a cimeira da SADC] foi organizada para tratar de questões relacionadas ao desenvolvimento na República Democrática do Congo, afirmou Piers Pigou, analista político especializado na África Austral do Instituto de Estudos de Segurança (ISS), em Pretória.
No entanto, devido à situação que se desenrolou desde a eleição do mês passado em Moçambique, espera-se que a SADC aborde essa questão ou, pelo menos, ouça o presidente moçambicano [Filipe Nyusi] sobre o que está a acontecer e o que está a fazer a respeito, acrescentou Pigou.
A oposição continua a luta
Esta semana, o líder da oposição moçambicana, Venâncio Mondlane, convocou novas manifestações contra os resultados eleitorais contestados, apesar da dura repressão policial e do envio de tropas militares para conter os protestos. Vamos paralisar todas as atividades, declarou Mondlane nas redes sociais.
Mondlane, que ficou em segundo lugar atrás do candidato da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), Daniel Chapo, contestou veementemente o resultado das eleições, alegando fraudes eleitorais generalizadas.
A SADC não tem cumprido o seu papel, disse Linda Masarira, líder política da oposição zimbabueana que concorreu à presidência em 2023, A SADC sempre teve uma postura apática em relação aos conflitos eleitorais, o que levanta sérias dúvidas sobre o seu compromisso em lidar com essas questões.
A missão eleitoral da SADC falhou?
A oposição moçambicana criticou a missão de observação eleitoral da SADC (SEOM) após este ter elogiado o processo eleitoral.
Observadores internacionais, incluindo a União Europeia, concluíram que graves irregularidades marcaram as eleições.
O presidente do Zimbabué, Emmerson Mnangagwa, que presidirá a cimeira da SADC, foi um dos primeiros chefes de Estado a felicitar Chapo pela vitória. A oposição rapidamente condenou o líder zimbabuano por o ter feito antes mesmo do Órgão eleitoral (CNE) anunciar os resultados finais. Para complicar ainda mais, o Conselho Constitucional do país ainda precisa validar os resultados, devido a contestações legais propostas por partidos da oposição.
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