Em Moçambique, Albino Forquilha é acusado de trair a pátria, por concordar com a posse dos deputados do seu partido e não só. O PODEMOS negar e falar em cumprimento de um acordo com Mondlane.
Vamos fazer a Forquilha rica para deixar o povo em paz" é o nome da campanha de angariação de fundos que está a mover os moçambicanos. Como funciona? Cada cidadão envia um metical para a conta móvel do líder do PODEMOS, para que ele consiga 30 milhões de meticais, valor equivalente ao número de pessoas que compõem a população moçambicana.
“Se é dinheiro que ele precisa, é dinheiro que recebe”, atiçaram os cidadãos. Porém, identificar a autoria da iniciativa única e até hilariante está a ser uma tarefa hercúlea. Mas o ativista e jornalista Zito Ossumane foi identificado com o rosto da campanha:
"É para demonstrar claramente que estamos insatisfeitos. Para que ele desista deste processo de traição, porque o que está em luta não pode ser dinheiro, mas o bem-estar coletivo de todos os moçambicanos. Então, esta campanha visa essencialmente demovê-lo dessa pretensão, que para já só lembra os atos de Judas Iscariotes, que vendeu Jesus por 30 moedas”, relata Ossumane.
Vendido ao regime?
Albino Forquilha passou a ser visto como um "vendido ao regime" após aceitar que os deputados do seu partido tomem posse num contexto de negação dos resultados eleitorais de 9 de outubro e ao aceitar, para já, ser reconhecido como líder do maior partido da oposição , com todas as regalias e benefícios que a lei confere a esse estatuto. O seu porta-voz nega as acusações e afirma que é uma acusação grave que está a manchar a imagem do seu líder:
"Esta campanha não deve nos afetar. O partido PODEMOS conhece a dignidade do presidente Forquilha [...]. Saiu do partido no poder [FRELIMO] justamente por causa desta questão, também para fugir desta questão de compras e subornos", afirma Duclésio Chico, acrescentando que "esta campanha é uma forma de pressão ao Forquilha para a não tomada de posse dos deputados eleitos pelo povo."
Mas é justamente pelas ligações embrionárias de Forquilha com a FRELIMO, que governa o país há quase 50 anos, que as chamas da desconfiança estão em expansão. Ossumane suspeita que o líder do PODEMOS se tenha vendido ao partido que governa o país, até porque, segundo ele, não seria o primeiro.
"Em linhas ideológicas, o próprio Forquilha ou se calhar a própria organização PODEMOS não estar tão distantes da linha de ensino do partido FRELIMO. O Forquilha é um ex-membro da FRELIMO, ocupou lugares cimeiros na administração do partido [FRELIO] ao nível da província e cidade de Maputo", pondera.
"Portanto, consegue conversar muito bem com as lideranças atuais, conhece muito bem os corredores. E a sensação que se tem é de que sim, cheguei a um acordo com o partido FEELIMO para ter acesso a esses lugares de privilégio que resolvem muita coisa em termos de valores monetários", conclui.
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